4/30/2007

Cara a Cara

Respoda a questão.
A pessoa ao lado tem cara de:
a) Sapeca
b) Colunista do Estado de Minas
c) Produtora do programa do Jô
d) Escritora
e) Mestre em Semiótica.
f) N.R.A

4/24/2007

O Lugar da Saudade

Com exclusividade
Liguei para o “Recanto da Saudade”, um Lar para idosos em Belo Horizonte, para marcar a visita. Falei com Helena, moça muito simpática, e sua voz tranqüila e amigável fez com que minhas expectativas crescessem rapidamente. O trato foi simples: “A gente só pede para os visitantes trazerem doações. Pode ser um vidro de álcool ou um pacotinho de algodão”, disse a voz do outro lado da linha. Meu coração amoleceu com tanta simplicidade, e na mesma velocidade em que minhas expectativas cresciam, concordei com a proposta.
Quando desliguei o telefone, uma onda de flashes backs atingiu minha mente. Tive uma lembrança bem distante, tão distante que não conseguia lembrar as perguntas básicas: “Quando, onde e por quê?”. Só me via ainda pequenina, na companhia de minha avó, em um asilo bem florido, com vovós e vovôs sorridentes que cantavam alegremente. Aí uma das vovós ficou triste por não ter um microfone pra cantar, e eu em toda minha pequenez e no auge da minha inocência, peguei um galhinho, e mostrando para ela que aquilo daria um belo de um microfone, coloquei em suas mãos já marcadas pelo tempo. Aquele foi o sorriso banguela mais bonito que já vi.

O preparo:

Deixando de lado a subjetividade, fui me preparar para a visita. Foi então que as coisas se tornaram um pouco mais reais. O Artigo 2º do Estatuto do Idoso, em vigor desde o dia 23 de setembro de 2003, diz que “O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.” Isto transtornou meus pensamentos porque comecei a refletir sobre a cruel realidade do “envelhecer”. Os dados são tristes: segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, no Rio de Janeiro, por exemplo, a proporção é de 40 geriatras para 750 mil idosos. Sem contar com os impostos, os cortes de aposentadoria e as burocracias dos planos de saúde que entristecem os idosos de todo o país. “Isto significa que não temos nem direito à saúde, como preconiza o art.15 do Estatuto do Idoso”, afirma a professora Maria de Lourdes Micaldas, de 66 anos, em uma de suas crônicas publicadas em seu site, “Velhos amigos”.
Em um país que está deixando de ser jovem estes contratempos são inadmissíveis. Segundo o Departamento de Psiquiatria e Neurologia da UFMG, as evidências indicam que seremos, em 2020, o 6º país com a maior população de idosos do mundo. Como é possível tantas falhas, tantos preconceitos e tanto despreparo para com o envelhecimento?
Foi partindo destes questionamentos que comecei a ter uma visão mais concreta dos fatos que estava prestes a encarar.


- Fica marcado então para segunda feira, dia 16, pode ser?- me perguntou Helena.
- Pode sim. Às 15 horas, né?

A visita estava confirmada. As idéias corriam livres em meus pensamentos ainda confusos com a abordagem que deveria ser feita. As expectativas? Bom, elas diminuíram consideravelmente.

A visita:

Cheguei ao Recanto da Saudade no horário previsto, com uma sacolinha de farmácia contendo 2 litros de álcool e 4 pacotes de algodão. Helena havia me pedido um ou outro, mas quis impressionar. Na verdade, no meu íntimo eu estava pensando que esta seria uma ótima estratégia para conquistar os funcionários e fazer com que o clima não ficasse tão tenso. A princípio funcionou. Procurei por Helena, confesso ter precisado do carisma daquela moça, mas quem me atendeu foi Suzana, a diretora. Vi então minha estratégia se dissolvendo no ar, como naftalina, um processo lento. “Xavecar” a Suzana não foi fácil, os olhares de desconfiança que lançava sobre mim, me fizeram sentir uma intrusa; como se o gravador fosse uma arma perigosa. Embora eu estivesse com o coração aberto, me senti armada, uma ameaça para aquele universo frágil.
Pedi, timidamente, autorização para ligar o gravador e começar a gravar. As instruções de Suzana foram firmes, fortes, ameaçadoras: “Cuidado para não deixar as vovós cansadas. Não insista nas perguntas. Qualquer fotografia que você tirar tem que passar por mim antes. Você não pode conversar com todas as vovós, somente com aquelas ali...”, apontou para uma mesa no refeitório, onde três vovós jogavam baralho.
Suzana saiu com seus passos firmes. Agora éramos apenas eu, o gravador e as simpáticas velhinhas que jogavam um carteado. Me aproximei mansamente, como quem não quer nada. Perguntei se poderia me assentar com elas. Notei que os olhares desconfiados permaneciam fixos no gravador e mais uma vez me senti “armada”.
Larguei o gravador em cima da mesa e tratei logo de me apresentar, como sinal de rendição: “Boa tarde, sou a Pipa, estudante de jornalismo, vim conversar com vocês”, usei a mansidão de minha voz. Uma tentativa arriscada. Poderia ter perdido o “jogo das conquistas”naquele exato momento. Para minha surpresa um novo jogo me foi proposto. Me convidaram para jogar “Roba-monte” com elas. Aceitei na hora! Sou “fera” nesse jogo e acabei percebendo que para jogar o meu jogo, teria que jogar o delas também.
Deixei que ganhassem algumas partidas. Fui amaciando o meu caminho e era entre uma partida e outra que conseguia fazer algumas perguntas, enquanto durante o jogo fazia a difícil escolha de quem seria a protagonista desta história.

A escolha:

Lá estava eu, sentada com três vovós lindíssimas, cada uma com suas peculiaridades. Vovó Áurea, cheia de classe. Vovó Conceição (mais conhecida por “Amaral”), com seu mau-humor e resmungos hilariantes. Mas o que mais me chamou atenção foi a simpatia da Vovó Terezinha. Um sorriso contagiante, cabelos brancos como a neve, alegria transbordando e as mãos ainda ágeis o suficiente para embaralhar as cartas do baralho. Vovó Terezinha foi a minha escolhida, não só pela simpatia, mas porque as mãos ágeis me fizeram lembrar das mãos daquela velhinha do microfone.
“Estou aqui há quase 10 anos”- começou a falar- “vim por escolha própria. Nunca casei e nem tive filhos. Meus irmãos foram tocando a vida deles, uns casaram, um outro já morreu...”, disse Vó Terezinha, com os olhos cheios de saudade.
- Mas a senhora não se sente sozinha aqui? – perguntei com um nó na garganta.
- De maneira alguma. Cheguei aqui com a certeza de que eles (os funcionários) cuidariam de mim. Não me decepcionei. E as amizades que fiz (olhou para Áurea e para Amaral), são minha família agora. Sozinha eu não me sinto não.
Vovó Terezinha foi me falando sobre a liberdade, sobre as coisas boas da vida, demonstrando um otimismo invejável. E foi com orgulho que assumiu a idade: “Eu tenho 74 anos e estou bem...”, e ainda me confidenciou com a voz um pouco mais baixa, “...bem melhor do que muitas vovós aqui, que estão mais acabadinhas, né?”.
Foi então que entendi o porquê de Suzana ter feito aquela restrição de conversar apenas com estas três vovós. Muitas vovós do Recanto da Saudade foram deixadas por seus familiares por falta de recursos para lidar com os problemas de saúde. O Mal de Alzheimer e as limitações da idade são os fatores mais comuns entre elas, que recebem todo o carinho, atenção e cuidado de uma equipe médica especializada.
Vó Terezinha pegou o gravador que estava sobre a mesa. Comecei a observar, achando os movimentos dela interessantes. Era como se ela estivesse descobrindo algo, mexendo com delicadeza, com um certo receio. “Será que isto custa muito caro?”, me perguntou com um tom sapeca e logo justificou a pergunta dizendo que queria ter um gravador desses, para gravar as coisas engraçadas.

- E o que você acha engraçado? – perguntei.
- A Amaral fala muito palavrão, resmunga o dia inteirinho.

Rimos juntas, porque na mesma hora, Vó Amaral resmungou alguma coisa bem baixinho. Foi neste momento que o gravador deixou de ser uma arma perigosa e acabou virando um objeto de ligação entre eu e Vó Terezinha que já me contava sobre a apresentação de tango que teve no dia anterior, e de como o dançarino era bonito.
O tempo passou rápido com toda aquela descontração. No final do corredor aparecia a Suzana, apontando para o relógio, dizendo que meu tempo tinha se esgotado. Apertei o botão “stop” do meu gravador e despedi das vovós, que a essa altura, já eram minhas avós.
- Volta mais, Pipa, pra gente jogar “Roba-Monte”.
- Volto sim, vó Terezinha. Olha lá que eu vou ganhar de você, hein?!
- Quero ver é ganhar de mim. – Resmungou Vó Amaral com um sorriso no rosto.



Saí de lá com uma certeza: existe um lugar em que a saudade faz parte da gente.

4/22/2007

Tanto que...

"Tanto que choveu,
tanto que molhou,
coração encheu de amor
e transbordou..."
Porque eu adoro frio e dias chuvosos e por outras cositas mas...

4/20/2007

Nas entrelinhas do muro


Pedindo lincença ao "Palco dos Meus Pensamentos"


O grupo Z.A.P 18 está em cartaz até o dia 29 com a peça “Esta noite mãe coragem”, adaptação do texto do dramaturgo alemão Bertolt Brecht . A direção é de Cida Falabella , o elenco conta com a participação de Elisa Santana e a música de Maurílio Rocha. Esta noite Mãe Coragem é um convite à reflexão sobre uma cruel realidade da sociedade brasileira. É instigante, incômoda, sincera e cruel.
A historia se situa em uma periferia abalada pelos problemas que assolam a vida de seus moradores. O trafico de drogas, a simplicidade e o esforço para sobreviver são bem evidenciados e representados nesta adaptação. O desenvolver do trama se dá a partir da construção de um muro, paradigma bem colocado, já que a peça, respeitando o estilo “brecthiano” , se esforça para quebrar o que os dramaturgos chamam de “quarta parede”, ou seja, o distanciamento do público com a realidade representada, enquanto a construção do muro representa o próprio distanciamento.
A atriz Ludimilla Ramalho, que representa Catarina, diz: “se eu não posso falar, de que me serve o teatro?”. Mãe Coragem parte deste princípio. É um espetáculo que não se cala, que coloca um berro de desespero na boca do mudo, que dá voz ao público que por sua vez tende a se incomodar ao perceber que na verdade são programados para a cada dia colocar um tijolo a mais no muro que separa duas realidades tão diferentes e tão próximas..
A localidade do espaço ZAP 18, o ambiente que se é criado e o “Bar da Rose”, geram a sensação de aproximação, de familiaridade com o tema. O público se mistura com os personagens, participam de perto da historia que está sendo contada. A musicalidade do espetáculo também se faz um elemento que sugere esta aproximação . Maurílio Rocha, compositor das musicas da peça, diz que as canções originais apesar apresentarem alta qualidade artística não correspondiam com a cultura popular brasileira, fez então uma pesquisa das possibilidades de transcrições que condiziam com a linguagem poético-musical da nossa cultura.
A abordagem da peça é fantástica. O objetivo do teatro se é cumprido com excelência: não se sai da mesma maneira que entrou. Se chegamos mudos, saímos com um grito entalado na garganta. Se chegamos falantes, saímos calados, chocados, pensativos. Um ponto a menos pelo intervalo de 20 minutos, que quebra o clima, desvia os pensamentos, dispersa o espírito. No mais, a recompensa é grande: Bar da Rose, prosa agradável e o desejo, que queima o coração, de fazer teatro.

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Desde pequena eu sempre escutei:"cala a boca,menina! Cala a boca, cala essa boca" e aí quando a gente é criança, a gente cala a boca rapidinho, né? Com medo de umas boas palmadas de chinelo Havaianas. Mas a gente vai crescendo e percebendo que quando a pessoa fala "cala a boca!" é por que ela não quer escutar, né? Ela não quer escutar o que a gente tem pra falar, por que ela sabe que, no fundo, no fundo, a gente pode estar com a razão... é igual a: "por quê? Porque não, "Por que não? Porque não..." Ninguem me manda mais calar a boca... aqui não. Por quê? Porque se eu não posso falar, de que me serve o teatro?

Ludimilla Ramalho

4/16/2007

Janela atualizado!


Pessoas,

espero que o Janela Aberta não tenha entrado no esquecimento. Eu bem sei que os posts são esporádicos e tudo mais. No entanto, hoje é dia de olhar a paisagem, de dar uma espiadinha, de debruçar na sacada pra ver a banda passar cantando coisas de amor.


Corre lá!

4/10/2007

O lado brega da gente

Esses dias me peguei pensando no lado brega da gente. Aquele lado que nos permite cantarolar os clássicos de Roberto Carlos e chorar escutando as canções românticas de Zezé de Camargo & Luciano (ou vai me dizer que nunca na vida você escutou “É o amor” achando que a musica diz tudo o que queria dizer?!) O lado brega da gente é sensível, até porque ser sensível é brega. A “bregalidade” faz bem pra alma, pro coração. Faz um bem danado pra gente.
Você, leitor, há de concordar comigo que chorar num filminho triste é uma delicia; que as novelas do Manoel sempre mechem com as nossas emoções; que a final do BBB é imperdível; que a gente sempre gosta de poesia sobre amor; que a gente sempre tem uma música brega que diz tudo sobre a nossa vida (ou então do que gostaríamos de viver); que chorar em casamento é a coisa mais natural do mundo; que guardar um ursinho de pelúcia é lembrar de alguém muito querido...
Aí quando você entende que ser brega é gostoso, tira aquele CD da Marisa Monte dos fundos do armário e passa o dia todo com “Amor, I love you” na cabeça, principalmente com os “uh’s” do back vocal (tem coisa mais brega que isso?); começa a reler aquele romancesinho água-com-açúcar até rolar a primeira lágrima, aí você percebe que Marisa Monte e romance água-com-açúcar é de mais para um dia só. Passa a vez para os sambinhas de Vander Lee e suas baladas românticas que aquecem o coração.

E sim, é o meu lado mais brega que escreve este texto, até mesmo como um incentivo à breguice (moderada, claro). Porque ser brega é uma delícia.

4/06/2007

Espasmo


Meu dedinho do pé está com algum problema. Ele está mechendo sozinho. A sensação é a de um choque de voltagem muito baixa, como se fosse pequenos espamos, só no dedinho.

Sensação muito semelhate àquela que muitos devem conhecer, quando a palpebra dos olhos dá aquela tremidinha, sabe? Dizem que é stress, mas nunca ouvi falar que dava no dedinho também.

Estou muito irritada com isso e tem acontecido com muuuuuuuuuuuuuuuita frequência. Eu diria que mais de 5 vezes por minuto.

Espero que não brote outro dedo ou que meu dedinho resolva sair andando por aí.


Mas se você souber o que pode estar causando estes espasmos, por favor, entre em contato comigo.

4/05/2007

Esse tal aquecimento...

Estou começando a acreditar que esse tal “aquecimento global” está realmente fazendo efeito. Os motivos são vários, e é claro, começa por este calor insuportável. Está tão quente que nem o ventilador vertical que ligo toda noite antes de dormir está fazendo efeito, a não ser pelo “zum-zum-zum” gostoso que embala meu sono.
Hoje achei que o mormaço iria dar uma trégua quando por volta das 18:30 (horário de Brasília) olhei pro céu e vi umas nuvens carregadas. Mas aí o Bruno falou que era melhor nem falar em chuva, então não choveu. O calor tava tanto que nem o ar- condicionado do cinema estava refrigerando direito. Mas devo levar em consideração que o cheiro de mofo misturado com cheiro de pipoca e alguma coisa da família do chulé também não colaboram com o “frescor” do ar.

Mas voltando aos motivos...

O tempo está demorando a passar, então criei uma teoria que na minha cabeça é plausível. O que ocorre é o seguinte: o calor está dissolvendo as... bom, as “ignições” dos relógios, fazendo com que haja retardamento nos ponteiros causando um atraso que pode variar de acordo com a altitude, temperatura e boa vontade. Caso você não veja o tempo correr através de contadores analógicos tenho uma outra explicação, apesar de quê esta não tenha nada a ver com relógio (a não ser o biológico).

O que ocorre neste segundo caso é um retardamento do relógio biológico causado pelo envelhecimento(acentuado pelo calor) gradativo do corpo. Nosso coração bate menos depressa, nosso sangue circula mais devagar e todas as trocas biológicas ocorrem mais lentamente, causando a sensação de que o tempo custa a passar.

E ainda tem aquela sensação chata de mal-estar; aquela lombeira que bate depois do almoço; a sensação de que a coca-cola nunca está gelada o suficiente; a mania de tomar banho quente e como se não bastasse o calor, não tem nada de bom passando na televisão.

R.G.



"O nome dela é Priscila de Deus porque quando ela nasceu a mãe dela fez uma promessa..."



- Prisciiiiiiiiiiiila de Deeeeeeeeeeeeeeeeeeus, desce daí menina!!!

- Priscila de Deus Vieira Cavalcanti Silva... huuuuum.... de Deus?! Então quer dizer que você é evangélica?!


Na hora da chamada:


-Fulano de tal?
-Presente!
-Siclana?
-Aqui!
-Beltraninho?
- Eu!
-Priscila de Deus?
-Amém!