2/24/2011

Só mais uma observação








Calor, eu ainda te mato. De frioooo!!!!!

2/22/2011

Ao Calor, com carinho...


Calor,
Escrevo esta carta para te fazer refletir.
Mentira. Na verdade eu estou escrevendo só para dizer em alto e bom tom que eu não gosto de você.
Então, agora que deixei claro os motivos de vossa senhoria receber essa carta, pare e pense em como você poderia ser mais legal comigo.
A sua presença me irrita. Me deixa feia e me faz sentir gorda.
Acho que, talvez, agora, nessa época do ano, seria uma boa você ir de intercambio ou mudar-se de vez para um desses países que fazem frio. La, você veria com seus próprios olhos, como as pessoas são mais elegantes, finas, bonitas...

E não adianta vir com esse papo de que o frio deixa as pessoas depressivas pra cima de mim, não. Porque depressão pra mim e ter você aqui, dia e noite, me irritando e me querendo fazer arrancar a roupa.
Tudo bem... o Brasil é um país tropical e tudo bem usar um pouco menos de roupa.
Mas calor, com você aqui e toda essa roupa a menos, como é que vou disfarçar as gordurinhas???
Você definitivamente não é amigo das gordinhas, não é mesmo?
Seu incoveniente!
Aposto que tem ciúmes daquele meu sobretudo maravilhoso que comprei no inverno passado, em Nova York.
E também morre de inveja do suéter de cachemir que tia Ruth trouxe de Buenos Aires.
E não vem se gabar com os biquínis minúsculos que você anda exibindo por ai, nem com as cores do verão, porque tudo isso é um saco.
Então, Calor, tenta parar com essa chatice, essa inconveniência toda...
E eu até faço as pazes com você, caso você traga uma chuvinha boa essa noite. Para regar meus sonhos.

Att,
Eu.

2/20/2011

No final

Por favor, entendam que isso é mais que um desabafo. Peço desculpas para os que não gostam de conselhos, mas até para o meio entendedor, boa palavra basta.

O fato é que passamos metade da vida da gente sentindo medo. A outra metade a gente passa tentando perdê-lo. E ai? Vamos encarar?

Quando eu era menina, tinha medo de fantasmas, mas não tinha medo de insetos. Também tinha medo do escuro, porque na minha cabeça, era ali que os fantasmas moravam.

Era engraçado porque eu não tinha o menor medo de nadar sozinha na parte mais funda da piscina; nem de correr o mais rápido que eu pudesse com a minha bicicletinha e soltar as mãos do guidom em plena velocidade. Os mais velhos diziam que o medo é um mecanismo-de-defesa-do-nosso-corpo e que toda a minha coragem era, na verdade, falta de juízo. 

Vou ser sincera. Naquele tempo, teimosa que eu era, não dei a mínima para a minha falta de juízo crônica e, por um bom tempo, temi só as coisas imaginárias. 

Mas a gente vai crescendo, ficando bobo, desaprendendo a imaginar e as coisas reais tomam uma proporção tão grande que passamos a temer a realidade.

Me falaram tantas vezes para ter juízo que fui perdendo a minha coragem. 

Esqueci os fantasmas, mas sou capaz de fazer uma tempestade num copo d’água por causa de um insetinho que pousa em mim. 

Aprendi que no escuro a gente enxerga nosso coração, mas sempre penso que, sozinha na parte mais funda da piscina, posso ter uma cãibra terrível e, juro, prefiro passar calor do que nadar sozinha. 

Estou na fase de tentar perder meus medos, sem perder o juízo. 

Porque "no final, o que pega a gente, nunca é aquilo que tememos".