Ela não sabia amar. Nunca soube. Mas é como se diz, todos somos inocentes até que se prove o contrário. Com o amor também é assim. Ninguém sabe amar até que se prove o contrário.
Como a inocência, só o amor é capaz de revelar a si mesmo. De negar-se. De possuir-se. O amor se alimenta de amor, se dissolve no amor, se contamina de amor. O amor é o que ele mesmo come.
O amor (e também a inocência) gosta de bons livros, bons filmes, de melodias bonitas. De páginas com palavras que provocam prazer. De um dia de chuva pra melancolia olhar pela janela. Vai ver que de tão inocente o amor também é melancólico.
Sim. A inocência , quando bela, é triste. O amor, quando grande, é triste. Porque há tristeza em tudo aquilo que é belo. E a saudade reside na beleza. E a tristeza é sempre saudade.
Tristeza é saudade de ser feliz.
Ela não sabia amar. Quase nunca soube. Mas assim como a inocência, ninguém sabe amar até que se prove o contrário.
Agora ela já sabe: boa coisa é ser inocente.