2/20/2011

No final

Por favor, entendam que isso é mais que um desabafo. Peço desculpas para os que não gostam de conselhos, mas até para o meio entendedor, boa palavra basta.

O fato é que passamos metade da vida da gente sentindo medo. A outra metade a gente passa tentando perdê-lo. E ai? Vamos encarar?

Quando eu era menina, tinha medo de fantasmas, mas não tinha medo de insetos. Também tinha medo do escuro, porque na minha cabeça, era ali que os fantasmas moravam.

Era engraçado porque eu não tinha o menor medo de nadar sozinha na parte mais funda da piscina; nem de correr o mais rápido que eu pudesse com a minha bicicletinha e soltar as mãos do guidom em plena velocidade. Os mais velhos diziam que o medo é um mecanismo-de-defesa-do-nosso-corpo e que toda a minha coragem era, na verdade, falta de juízo. 

Vou ser sincera. Naquele tempo, teimosa que eu era, não dei a mínima para a minha falta de juízo crônica e, por um bom tempo, temi só as coisas imaginárias. 

Mas a gente vai crescendo, ficando bobo, desaprendendo a imaginar e as coisas reais tomam uma proporção tão grande que passamos a temer a realidade.

Me falaram tantas vezes para ter juízo que fui perdendo a minha coragem. 

Esqueci os fantasmas, mas sou capaz de fazer uma tempestade num copo d’água por causa de um insetinho que pousa em mim. 

Aprendi que no escuro a gente enxerga nosso coração, mas sempre penso que, sozinha na parte mais funda da piscina, posso ter uma cãibra terrível e, juro, prefiro passar calor do que nadar sozinha. 

Estou na fase de tentar perder meus medos, sem perder o juízo. 

Porque "no final, o que pega a gente, nunca é aquilo que tememos".

Um comentário:

Jasanf disse...

Realmente os medos de criança são abstratos. Devido ao crescimento e o passar do tempo vamos adquirindo "moleculas corruptíeis de medo" num patamar desigual. O jeito é tentar vencê-los aos poucos e se libertar da "prisão" que passamos a ter. òtima reflexão!

Leia depois:

http://lectandome.blogspot.com/2010/06/devolva-me.html

Abraço fraterno,
Jasanf.