5/20/2007

Metade de mim


Metade de mim se prende
Na música certa pra fazer poesia.
A outra metade se prende
Na garrafa de água vazia.

Metade de mim se prende
Em sonhos que nunca foram.
A outra metade se prende
Em sonhos que às vezes choram.


Metade de mim se perde
Em cd’s de blues arranhados
A outra metade se perde
Em livros desencapados.

Metade de mim se completa
Em tangos de amor perdido
A outra metade se completa
Em desejos desiludidos.

Metade de mim se reflete
Em filmes que nunca vi
A outra metade reflete
Aquilo que nunca ouvi

Metade de mim se contenta
A outra metade tenta.
Metade de mim foi embora
A outra metade não demora.

Metade de mim é poeta
A outra metade é atriz
Que canta querendo achar
Aquilo que sempre quis.

Metade de mim é rima
A outra metade é palavrão.
Metade de mim é alma
A outra metade, desencarnação.

Metade de mim é vírgula.
A outra metade é exclamação.
Metade ainda é três pontos
A outra, interrogação.

Metade de mim está completa
A outra metade está vazia.
Metade de mim está repleta,
A outra metade é alegria.

3 comentários:

Carolina Vilela disse...

Nhaaaaaa
Que belezura de poema! Expressa tanto do que sinto! Obrigada por share com a gente Pipa!

Anônimo disse...

garrafa de água...

aham...

sei sei....

me engaaaaana que eu goooosto =)

Pipa Cavalcanti disse...

eu cheguei a escrever "garrafa de coca vazia", mas àgua é mais poetico rsrsrs