Eu queria contar uma história. Uma história que me levou a outra história. Coincidências que me fazem acreditar em cada volta que o mundo dá.
Ainda me lembro do dia. Pela internet combinava com um amigo de irmos a uma peça de teatro logo mais a noite. Combinado. Ele vinha me pegar aqui em casa por volta das 7 horas.
Fila do teatro. Gente. Muita gente. Era uma peça famosa, com atores talentosos no elenco. Entramos e eu não pude deixar de reparar na moça bonita que sentou na minha frente toda elegante num vestidinho preto que exibia as tatuagens.
A moça conversava com um amigo, conhecido ou outra pessoa qualquer quando alguém, do outro lado a reconheceu e, aproximando-se como quem não cria no que estava vendo perguntou: “Cris”?
Ela estava de costas pra mim, mas eu pude imaginar a cena. Pude ver ela franzindo a testa e apertando os olhos num esforço de quem tenta puxar alguma coisa da memória. Tendo ou não reconhecido, simpatia é o que não faltou na hora. “Ei! Tudo bem? Quanto tempo...”
- Quanto tempo mesmo, e blablablabla... Esse é o seu marido? (apontando para a pessoa que estava ao lado dela)
- Não. Meu marido morreu.
Meu coração ficou gelado. Senti que o daquele rapaz também ficou. E eu levei um susto tão grande que não me lembro se foi por ter me sentindo tão indiscreta ou se foi porque percebi naquele momento que as vezes não estamos preparados para ouvir a resposta que desejamos, fiquei com essa cena na cabeça por algum tempo.
Algum tempo passou e numas dessas tardes que eu resolvo pegar um cineminha as coincidências começam a acontecer. Na fila, na minha frente (mais uma vez) vejo uma moça bonita. “Eu conheço ela de algum lugar...”. Franzo a testa e aperto os olhos num esforço de quem tenta puxar alguma coisa da memória. Num espaço curto de tempo, entre uma sinapse e outra a memória acontece. Era a moça do teatro. Ela comprou o ingresso dela e eu o meu. Acredite se quiser, vimos o mesmo filme. Ela outra vez na minha frente. E na frente de nós duas, outra história era contada.
Então, mais algum tempo passou. E numa dessas minhas noites de insônia que fico navegando pela internet, pingando de blog em blog meio sem direção, chego, enfim, ao
para Francisco. E o que eu vejo na minha frente? A moça bonita. Na minha frente outra história estava sendo contada. Era história de amor contada por amor.
E eu fui lendo post por post e achando aquilo tudo tão triste e tão bonito e tão alegre e tão bonito e tão... lindo, que preferi ler aos poucos, para ter doses diárias de bonitezas. De delicadezas. De alegria.
O negócio de começar a ouvir a sua história, Cris, é que a gente não consegue parar. E quando paro (ou mesmo sem parar) sinto uma saudade gostosa mesmo de quem não conheci.
Coicidência ou não, talvez eu esteja na sua frente agora. E na sua frente outra história está sendo contada.
Mas foi assim que o para Francisco chegou até mim e pela primeira vez estivemos lado a lado.
Sucesso com o livro!