10/13/2006

Lá vem o "quase"...

Ontem, meio entediada durante a madrugada que não queria passar resolvi dar uma 3ª chance para um livro que há 2 anos está na minha estante. Acabei por descobrir mais um problema do mal causado pelo “quase”.

“Devia ser proibido debochar de quem se aventura em língua estrangeira. Certa manhã, ao deixar o metrô por engano numa estação igual à dela, como um nome semelhante à estação da casa dela, telefonei da rua e disse: aí estou chegando quase. Desconfiei na mesma hora que tinha falado besteira, porque a professora me pediu para repetir a sentença. Aí estou chegando quase.. Havia provavelmente algum problema com a palavra quase.(...) Ao me ver à sua porta teve um novo acesso, e quanto mais prendia o riso na boca, mais se sacudia de rir com o corpo inteiro. Disse enfim ter entendido que eu chegaria pouco a pouco, primeiro o nariz, depois uma orelha, depois um joelho, e a piada nem tinha essa graça toda.(...) Hoje porém posso dizer que falo húngaro com perfeição, ou quase.”

Trecho do romance Budapeste, de Chico Buarque, páginas 5 e 6.

Quase é uma coisa que ninguém merece como resposta:
-Já acabou?
-Quase...

-Já está chegando?
-Quase...

Está quase pronto, quase cheio, quase perto, quase perfeito, quase, quase, quase...


Está registrado meu profundo desgosto pelo “quase”.
E tenho dito...

Ps: e porque alguém nessa vida aprende húngaro?! Essa é uma daquelas línguas que a pessoa ja nasce sabendo....

3 comentários:

Bruno Moraleida disse...

Pois é...
Quase que eu pensei em aprender húngaro depois desse post.
Ainda bem que teve o PS.
bjos

Anônimo disse...

nóooo... esse livro é MUITO bom!!

e eu nem sou tão entusiasta do chico assim... aliás, o húngaro está na minha lista de idiomas por aprender, logo depois do alemão, do russo, do chinês e do japonês, quando eu começar a estudar idiomas "apenas" por prazer...

Anônimo disse...

O quase nem é tão ruim assim... Aliás, o copo está quase cheio, ou quase vazio?